Quem precisa de terapia sexual?

Não há mais novidades no sexo. È o que nos faz crer a propaganda do assunto. Revistas, programas de tv, rádio, jornais, revistas, etc.exibem uma série de reportagens, perguntas e respostas (Dr. Jairo Bauer, Penélope, Sue Yohanson ), todos seguindo a linha “tudo-o-que-vc-sempre-quis-saber-sobre-sexo...” Além da mídia, centenas de livros no melhor estilo “manual para uma vida sexual satisfatória” lotam as estantes. Muitos deles já viraram best sellers. Então está todo mundo fazendo sexo muito bem, certo? Errado. Pelo menos é o que se supõe com o crescimento da procura aos terapeutas sexuais. Os problemas vão desde ejaculação precoce, a impotência, dificuldade para atingir o orgasmo, dentre outros.

Parece simples, mas muita gente tem dificuldade em procurar um especialista e encarar as questões do seu sexo. E não é o dinheiro o principal obstáculo. Admitir que existe um problema já é difícil. Depois é preciso também concordar em ser ajudado e aceitar o tratamento. Quando alguém procura uma terapia, já pensou em resolver sozinho esse problema. Primeiro tenta conversar com a parceira ou procura as respostas em livros, revistas, e caso se sinta a vontade, pede conselho aos amigos. Tudo isso pode ajudar, mas geralmente não é o suficiente.

Terapia sexual é uma abordagem técnica para trabalhar com as queixas do casal ou do indivíduo. Mesmo que problemas com sexualidade envolvam outras pessoas, o tratamento pode ser feito individualmente e qualquer problema ligado a sexualidade pode ser tratado. Este processo, quando feito por um psicólogo, pode ajudar o paciente a encontrar outros sintomas que se relacionam com isso, mas que podem não estar diretamente ligado ao sexo. É muito comum, por exemplo, quem em um relacionamento afetivo a pessoa esteja conversando sozinha, sem conseguir levar seu problema para o parceiro. Ou que um homem esteja tendo ejaculação precoce com medo de se envolver afetivamente com alguém. A terapia tem como objetivo abrir um canal de possível comunicação entre as pessoas. Há quem me procure por não conseguir ter um namorado ou namorada, ou seja, estabelecer um laço afetivo; porque está tendo dificuldade em manter o casamento pela falta de desejo sexual, ou porque é homossexual e não está vivendo bem com a homossexualidade (neste último caso, não se “cura” a homossexualidade, apenas lida-se com os problemas sexuais da pessoa como com qualquer heterossexual).

Mulheres que me procuram geralmente trazem a falta de desejo. As causas para isso são muitas e merecem ser investigadas. Vão desde um impedimento surgido desde a infância, um abuso sexual, uma frase ouvida em algum momento que ficou marcada, até a falta de desejo específica pelo marido (seu marido não consegue lhe despertar desejo).

Também com homens existem fatores externos que podem interferir na sua sexualidade. Na impotência (segunda queixa mais comum) o estresse é um fator determinante. E os homens que formam esse grupo em geral são mais ansiosos, que não se permitem sentir a si próprio e ao outro. O desemprego, o excesso de preocupação, a baixa auto-estima, tudo contribui para uma performance sexual abaixo das expectativas deles.

A maioria dos problemas da sexualidade acaba vindo de fora para dentro, com a construção de papéis, de crenças, nossas histórias...o que acontece durante o nosso desenvolvimento. Atualmente soma-se um conflito: as mulheres estão seguindo um modelo que é o da mulher poderosa, independente, mas ainda são criadas para serem Amélias, dóceis, sedutoras, frágeis, o estereótipo do que há de mais feminino. No confronto com a realidade elas acabam angustiando-se na busca dos fanáticos e múltiplos orgasmos que a mídia apresenta como verdade.

O mesmo acontece com o Viagra ou similares. Somente a pílula não revigora casamentos pelo simples fato de que não é mágica. Ela não cria carinho, união, companheirismo. O problema é que muitos homens que tem problemas, tomam a pílula, se acham curados e não vêem motivos para buscar ajuda profissional. Só mesmo quando existe uma preocupação mais global com a qualidade do relacionamento ou de vida é que a busca da psicoterapia é considerada.

Na questão do adolescentes, ainda vivemos como nossos pais. Embora o adolescente esteja descobrindo o sexo sempre mais cedo, os pais agem como se desconhecessem isso. Temem conversar a respeito, não orientam e, por fim, não aceitam a realidade. Acham que quem faz sexo é essa garotada, não seus filhos inocentes. E em casa não, que isso é uma pouca vergonha. Ou então, com medo de imporem limites e serem tachados de caretas, permitem tudo, acham tudo normal.

Talvez o que esteja acontecendo hoje é que as pessoas estão buscando saber mais a cerca de sua sexualidade ou de si mesmos. O importante é tentar compreender o que somos e o que queremos. Nem estrelas, nem apenas dor. O que há no meio disso? O que pode ser bom para cada um? O que pode dar mais prazer ou não? Busque as respostas, isso poderá abrir portas em sua vida. Afinal, prazer é fundamental.

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