Traição tem perdão?

p A traição é, com certeza, um dos maiores dramas sentimentais da humanidade. Não é à toa que muitas vezes recai sobre seus ombros a culpa de crimes passionais. É ela também a fonte de inspiração de uma infinidade de poemas sofridos e de músicas no melhor estilo 'dor de cotovelo'. A infidelidade, definitivamente, faz parte da vida de homens e mulheres que habitam esse planeta, sem distinção de classe social, cor ou credo. Só que mesmo sendo a deflagradora de sentimentos e emoções tão desagradáveis, muita gente consegue fazer do limão uma limonada, e ainda engoli-la com muito gelo e açúcar, claro ao lado do próprio responsável por ela.

Lidar com a traição não é uma tarefa fácil. Além de doer muito, ela também nos obriga a tomar certas decisões que nem de longe ilustravam nossos planos. Mas a vida é assim. E pode-se dizer, se é que consola, que a traição é uma das rasteiras mais corriqueiras que costumamos levar. No entanto, quase todo mundo ao se deparar isso, tem uma sensação indescritível de raiva misturada com revolta. 'Quando descobri que estava sendo traída foi horrível! A situação teve todos os requintes que merecia: escândalo, xingamento, porrada nele, choro e muita mágoa. Tive ódio dele e pena de mim, por achar que não merecia aquilo. Acabei terminando um relacionamento de quatro anos por achar que era impossível colar os cacos que o Rodrigo tinha quebrado', desabafa a nutricionista C. V.

Só que muita gente investe na restauração da relação. Para isso, nada funciona melhor do que um produto raro na natureza humana: o perdão. Foi o que jura ter feito a ex-primeira dama e traída número um do mundo, Hilllary Clinton, em seu livro de memórias 'Vivendo a História'. Nele, Hillary conta que perdoou o marido Bill Clinton e o pivô do escândalo, Mônica Lewinsky, para seguir sua vida conjugal e profissional em paz. Mas será que perdoar uma traição é realmente possível? Perdoar a traição depende muito do contexto em que tudo aconteceu e, quando é pública, como foi a de Hillary, a pessoa sempre sente uma necessidade de dar uma resposta, o que no caso dela foi um livro.

A engenheira S. L. conta que com ela foi ao contrário: foi o seu namorado quem sentiu a dor da traição e, sem dúvida, o fato do problema ter ficado entre quatro paredes o ajudou bastante a superá-lo. 'Eu passei um tempo fora e acabei me envolvendo com outra pessoa. Quando voltei ao Brasil tentei esquecê-lo e continuar com o Ricardo como se nada tivesse acontecido. Só que apareceram rastros como e-mails e fotografias, e o Ricardo acabou descobrindo. Aí eu tive que confessar. Ele ficou louco da vida e chegou a terminar comigo. Mas depois de pensar melhor e entender que o nosso relacionamento era muito maior do que aquilo, voltamos', revela.

Mas há quem não acredite na boa fé do perdão da traição. Como a dentista A. A., que acha que ninguém perdoa sem ter alguma muleta para se escorar. 'É difícil engolir que o cara que você gosta trepou com outra. Não estou julgando ninguém, mas acho que quem perdoa é porque tem interesses que se sobrepõem aos sentimentos', acredita ela. Isso é bastante comum de acontecer e que muitas pessoas agem assim na falsa esperança de preservar um relacionamento. 'Perdoar é aceitar que foi traída, e que deseja manter mesmo assim a relação por uma opção emocional e não por conveniência. O episódio deve ser definitivamente esquecido. Só que muita gente aceita a traição do parceiro por motivos econômicos, pelos filhos ou até por medo de enfrentar a vida sozinha. O que acaba gerando um mal-estar sistemático entre o casal, já que por qualquer motivo a traição vai ser relembrada' a melhor maneira de superar um fato grave como a traição é com muita conversa. 'Assim, o casal vai poder entender o porquê de estar passando por aquilo e, desta forma, a relação pode até mesmo melhorar', conclui ela.

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